top of page
Foto do escritorTheotókos Evangelização

O Jejum

Pela palavra jejum se entende a abstenção de alimentos para fins religiosos, no entanto, ele também é recomendado fora dos segmentos de qualquer religião.

Imagem: Formação Canção Nova

Ao ler a bíblia vê-se que diversos homens e mulheres praticaram o jejum, abstenção de alimentos, em sua caminhada. Geralmente para se mortificar, penitenciar e se entregar totalmente a Deus. Renunciaram a comida por algum tempo para se focar em Deus. Procuraram alimentar o espírito ignorando as coisas que normalmente chamavam a atenção, como comida. Pelo jejum manifestaram ser totalmente dependentes de Deus.


Quando se come muito o corpo fica sonolento e não se reza direito. Uma pessoa que não é moderada na alimentação tem dificuldades para rezar, pois adormece ou a moleza toma conta.


Alguns às vésperas de grandes responsabilidades se entregaram a um jejum de 40 dias, como é o caso de Moisés e do próprio Jesus que prepararam sua alma pra ouvir Deus (Deuteronômio 9, 9; Mateus 4, 2)

O jejum foi recomendado até mesmo pelo Arcanjo Gabriel (Tobias 12, 8), mas um jejum e esmola. O jejum tem sentido quando é unido a oração e a prática da esmola. Pois jejum sem oração é apenas dieta e sem a prática da caridade é economia. Quem fizer jejum durante o dia e se abster de duas ou três refeições precisa doar pra alguém, mesmo que seja nos dias seguintes, o valor ou pelo menos a proporção dos alimentos que não consumiu.


No início do século V da era Cristã São Pedro Crisólogo ensinou: “Há três coisas, meus irmãos, três coisas que mantêm a fé, dão firmeza à devoção e perseverança à virtude. São elas a oração, o jejum e a misericórdia. O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia, jejum: três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente. O jejum é a alma da oração e a misericórdia dá vida ao jejum. Ninguém queira separar estas três coisas, pois são inseparáveis. Quem pratica somente uma delas ou não pratica todas simultaneamente, é como se nada fizesse. Por conseguinte, quem ora também jejue; e quem jejua, pratique a misericórdia.


São Pedro Crisólogo fez uma bela interpretação de Isaías 58, 1-14. O próprio Deus diz pela boca do profeta porque deixou de atender a oração dos que jejuavam e qual é o jejum que lhe agrada. Ele é bem claro que não se pode jejuar e faltar com o respeito, misericórdia e solidariedade para com o próximo.


Deus mesmo se compromete em favorecer aqueles que jejuam. Promete curar, guiar, acompanhar, sustentar, triunfar, libertar, atender as orações e salvar, mesmo que seja uma grande cidade como Nínive se nela houver algumas pessoas tementes que jejuam e faz o bem.

E então, você já se convenceu da importância do jejum? Caso não tenha se convencido a medicina também recomenda.


Acredite, o jejum também é recomendado pelos médicos e, para estes, o povo parece ser mais cauteloso e obediente. Certamente todos já fizeram jejuns recomendados pelos médicos, seja para uma cirurgia, exame ou outro motivo. E quando os médicos recomendam aos pacientes o jejum, eles costumam obedecer e mudar seus hábitos alimentares. Se os médicos recomendam, é sinal que o jejum faz bem para saúde física, limpa o estomâgo, evita possíveis vômitos e obstrução das vias respiratórias nas cirurgias e proporciona uma exatidão melhor nos resultados de exames.


A Igreja católica tem dois dias obrigatórios de jejuns e abstinência de carne: quarta-feira de cinzas e sexta-feira Santa. Ela recomenda nos Cânones 1249 -1252: nos dias de penitência os fiéis se dediquem à oração, exercitem obras de piedade e de caridade, se abneguem a si mesmos, cumprindo mais fielmente as próprias obrigações e, sobretudo, observando o jejum e a abstinência. Os dias e tempos de penitência na Igreja são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma. Guarde-se a abstinência de carne todas as sextas-feiras do ano, exceto nas solenidades. Estão obrigados à lei da abstinência os que completaram catorze anos de idade; à lei do jejum estão sujeitos todos os católicos que tem entre 18 e 60 anos. Exceto os doentes e os que trabalham pesadamente com o corpo e a mente.



Por fim vale ressaltar os outros tipos de jejuns que estão sendo recomendados: celular, redes sociais, músicas, TV; ouvidos, olhos... Se for para os fiéis terem mais tempo para Deus, louvado seja o Senhor e que este tipo se propague, mas se for apenas pra não jejuar alimentos e justificar que os novos jejuns substituem o jejum de alimentos, o ensinamento está totalmente errado. Faça esses jejuns acima sem deixar de jejuar alimentos, rezar, fazer caridade e tratar a todos com respeito e dignidade.


Para os que não conseguem se privar totalmente de alimentos durante o dia, faça o jejum parcial que consiste

escolher apenas uma das três refeições. Exemplo: almoça normalmente, mas no café e na janta faz um simples lanche, ou então, um simples lanche no café e no almoço e janta normalmente sem exageros.


Outras passagens bíblicas que abordam a prática do jejum: Mateus 6,16-18; 17, 20-21 Marcos 9,29 Lucas 2,37 Atos dos Apóstolos 13:2-3; 14, 23 Ester 4,16 Neemias 1,4 Joel 1,14; 2,12 Salmos 35,13 Daniel 9,3; 10,3 2 Samuel 12,16


Pe. José Carlos de Gois, CRL

Cônego Regular Lateranense

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page